Os mitos à volta da cozinha, apenas me desafiam a entrar num ambiente que sempre gostei. Comer é um prazer, um acto social. Gosto de experimentar novos sabores e novas formas de cozinhar. Recordo os cheiros e sabores da infância, assim como após as minhas viagens venho para casa tentar reproduzir ou adaptar pratos que provei de outras culturas. Ouse e surpreenda os seus convidados ou a si próprio. Cozinhe,... sem tabus!


segunda-feira, 19 de abril de 2010

Laranja com Canela


Conhece a laranja? E a canela? Vai-me dizer que sim. Mas já se lembrou de misturar as duas?
Proponho-as para uma sobremesa muito simples: fruta fresca. Laranja descascada e cortada em rodelas, à qual simplesmente se polvilha canela a gosto do freguês.
Gosto especialmente de saborear esta laranja colocada (já com a canela) uns minutos no frigorífico para que fique bem fresca. Usem laranjas do Algarve, daquelas grandes e sumarentas, óptimas para cortar em generosas rodelas. Como diria um anúncio de uma marca conhecida de sumos: "já comeste fruta hoje?"

Curiosidades sobre a canela:




Estas imagens são de uma viagem ao Sri Lanka à uns anos atrás. O arbusto da canela (Cinnamomum zeylanicum) é oriundo desse país. Cresce abundantemente nas margens da ilha com folhas largas e altura até 10-15 metros. Só depois de ver localmente e imaginar o que é preciso para uns pauzinhos estarem disponíveis no supermercado, muitos de nós não fazem ideia do valor da canela, que chegou a ser trocada por ouro.

Num dos dias efectuei um tour com uma visita num pequeno barco que me levou por canais de uma zona muito florestada. Ao descer num certo ponto o guia disse-nos de imediato: "cortem um folha destas árvores e levem à boca, mordam e digam-me o que sentem? Todo o grupo identificou de imediato o sabor a canela. Atravessando por um caminho estreito de terra batida entre todas aqueles arbustos densos, as caneleiras, chegamos à casa de uma família (um casal e uma criança) que subsistiam exclusivamente da apanha da canela, da qual recebiam uns míseros trocados para o seu sustento. Enquanto, nos explicou o guia, o mesmo produto é vendido no mercado internacional a preços que podem ser 50 a 100 vezes mais do que aquele aldeão recebe!

Da caneleira são cortados galhos com a grossura de um dedo ou um pouco mais, com 1 a 2 metros. Depois são rapados para ser extraída a camada superficial (2ª foto). Em seguida com um canivete é feito um corte longitudinal e com alguma pressão do canivete e dos dedos humanos, descola-se uma camada desse tronco e elimina-se o pau central. Os pau de canela não é mais que essa camada seca, da qual as pontas encarquilham para dentro e dá aquele aspecto enrolado dos pauzinhos de canela. Ela é vendida aos molhos de 1,5 a 2 metros de comprimento, que cabem debaixo de um braço. O preço a que é vendida e a respectiva qualidade dependem da grossura dos paus e da sua uniformidade.

Depois desta experiência passei a respeitar a canela, existem pessoas no Sri Lanka que vivem exclusivamente da apanha destes galhos, no entanto são muito mal pagas para o seu trabalho, e sofrem de uma brutal desigualdade de quem a produz e de quem a consume.

1 comentário:

  1. Eu gosto imenso de laranja com canela. Sabe muito bem.

    Adorei esta viagem.

    ResponderEliminar

Related Posts with Thumbnails