Os mitos à volta da cozinha, apenas me desafiam a entrar num ambiente que sempre gostei. Comer é um prazer, um acto social. Gosto de experimentar novos sabores e novas formas de cozinhar. Recordo os cheiros e sabores da infância, assim como após as minhas viagens venho para casa tentar reproduzir ou adaptar pratos que provei de outras culturas. Ouse e surpreenda os seus convidados ou a si próprio. Cozinhe,... sem tabus!


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Resultados do Desafio Dicas Anti-Crise

Uma vez reunidas todas as sugestões de poupança enviadas pelos participantes, juntei também algumas mais. Essencialmente espero dar o contributo para que todos consigam organizar e começar a pôr em prática boas práticas de poupança e redução de desperdícios. No fundo aprender ou aperfeiçoar o controlo financeiro de cada um de nós.

Este post é longo pelo que aconselho que leia com tempo ou imprima mesmo para que possa tirar as suas notas. À parte do meu próprio contributo com algumas dicas, chegaram a este desafio 13 participações individuais com um total de 68 dicas. Os blogues e participantes no desafio estão no final.

Estas sugestões podem-se aplicar a agregados familiares grandes, a pessoas que vivam sozinhas, a um jovem que “viva” apenas da mesada dos pais, a um trabalhador no activo, um reformado, etc... Os propósitos, as ambições e os condicionalismos de cada um de nós são de uma enorme variedade.

Antes de entrar propriamente no tema, nesta altura da leitura do quarto parágrafo mais de 90% dos leitores estarão agora a pensar coisas como “é impossível”, “não vou conseguir”, “tenho demasiadas despesas”, “isto é para quem ganha muito”, etc, etc….

Imagine que mensalmente teria de poupar/guardar 1% do seu salário? Não diga que tal é impossível. Comece por ai. Agora imagine que a sua capacidade de poupança pode subir para 5%, 10% ou mais do seu salário? Existem duas formas de poupar: ou ganhado mais (o que é mais complicado, a menos que mude de emprego para um salário superior) ou reduzindo as despesas. É neste último ponto que me vou focar.

Existe uma poupança que eu chamo de poupança “oculta”, ou seja, o benefício não é visível no imediato, não aparecem notas de euro na sua carteira com o passar de uma noite. Por exemplo se conseguir gastar menos dinheiro optando por marcas brancas no supermercado, se reduzir os seus consumos de electricidade e se reduzir o número de cigarros que fuma para metade; tem de pensar quanto dinheiro teria de gastar a mais se não tivesse tomado essas medidas de poupança. É certo que se gastou menos significa que poupou. Agora onde está esse dinheiro? O problema da maioria das pessoas está exactamente aí.

Respondendo às quatro questões que coloquei no início do post em que lancei este desafio, muitos de nós reconhecem nos dias de hoje que:
  • O nosso poder de compra e bem-estar é inferior ao do passado ou prevê-se num futuro próximo que essa redução venha a ocorrer.
  • Alguns já praticam acções de poupança e redução de desperdícios, mas a maioria penso que ainda não o faz. Será que cada um de nós se dispõe a começar?
  • A maioria provavelmente não sabe medir com exactidão as suas despesas.
  • E se forem conseguidas poupanças algumas vezes elas são gastas noutros fins e não se sabem bem onde andam essas poupanças.


Para começar é fundamental:

Estar motivado - os resultados não se vêem ao fim de 15 dias. Não desista à primeira, seja perseverante.

Adopte uma atitude positiva - não pense que vai passar fome, não vai deixar de ter actividades de lazer nem vai deixar de ter aquelas férias ou aquele presente que desejaria. Pelo contrário a probabilidade de conseguir essas coisas é maior.

Envolver a família - não adianta um fechar sempre a torneira enquanto lava os dentes e os outros três da casa fazerem o oposto. Seria uma batalha perdida.

Informação é poder - deixe de dizer “eu acho que…” gasto X Euros por mês nisto ou naquilo. Não tire por dedução, habitue-se a ter uma pequena contabilidade pessoal, guarde os talões do supermercado, compare preços. É essencial saber quanto gasta, em quê, quando e com que frequência.

Defina objectivos e não se desvie deles - o seu objectivo pode ser juntar dinheiro para fazer umas férias, juntar algum dinheiro no banco, remodelar a decoração da casa, o que seja. Não mude de planos constantemente, seja realista e não caia na tentação de usar o dinheiro para outra coisa que não a programada.


Comece por absorver esta ideia: Pague-se a si próprio.

Que quer dizer isto do Pague-se a si próprio? A mentalização para a poupança implica na maioria das pessoas/famílias uma inversão das prioridades. Se começar a poupar assim que receber o seu salário irá atribuir às poupanças a maior prioridade nas suas finanças pessoais. A maioria da população usa o seu salário com a seguinte ordem:

1º Contas a pagar
2º Diversão/lazer
3º Poupança

A categoria diversão/lazer é tão ampla e tão apetecível que não é de admirar que antes do final do mês já não sobre nada para poupança. Terá de inverter a ordem para:

1º Poupança
2º Contas a pagar
3º Diversão/lazer

Assim, a suas finanças pessoais terão o enfoque na poupança. A gestão até ao próximo salário é feita em função do remanescente. Caso falte dinheiro, então terá de adiar alguns actos de lazer para o próximo mês.

Como é que você se pode Pagar a si próprio? Em função dos seus objectivos de poupança e em função do valor que conseguir deixar de parte, faça-o de imediato no dia em que recebe o salário ou no dia imediatamente a seguir. Imagine que tem uma factura para pagar como por exemplo da electricidade. Pague-se a si próprio como se de uma conta se tratasse. Coloque esse dinheiro noutra conta bancária ou de uma forma mais arcaica dentro de um envelope. Esqueça-se desse dinheiro, não caia na tentação de lhe tocar e olhe para o resto do seu salário como o seu salário. Se no final do mês ainda conseguir que lhe sobre mais alguns euros junte à poupança. Quando receber o próximo salário repita o processo, comece por pagar-se a si próprio.

Não guarde dinheiro sem destino. Gastá-lo é tão fácil, juntá-lo é que é mais difícil. Defina dois ou três objectivos para poupar no pague-se a si próprio. Por exemplo 25 € para férias e 25 € para uma conta bancária. Parece pouco, mas pense que ao fim de um ano (14 salários) terá 350 € para férias e 350 € numa conta bancária.


Qual a diferença entre estes dois cenários?

1-Efectuar a viagem de 350 € este mês e ficar a pagá-la no cartão de crédito durante 12 meses

2-Juntar os 350 € e viajar daqui a um ano

O binómio responsabilidade-usufruto terminam nos dois cenários exactamente daqui a um ano, porque só finaliza os dois processos nessa altura. No cenário nº 1 irá antecipar o prazer mas além de uma responsabilidade e mais uma conta a pagar terá certamente pesados juros no cartão de crédito. No cenário nº 2 evitará custos de juros, terá tempo para programar a sua viagem e até conseguir pesquisar os melhores preços. O usufruto da viagem será seu na mesma, no entanto tomou as decisões acertadas. A antecipação do prazer não nos fará necessariamente pessoas mais felizes.


Depois desta longa introdução vamos às dicas propriamente ditas. Entre as que foram gentilmente enviadas pelos participantes do desafio, juntamente com algumas de minha autoria (afinal também sou participante do desafio), foram organizadas nos seguintes grupos:

1-Pague-se a si próprio

2-Dicas sobre consumos energéticos

3-Dicas sobre a organização das compras

4-Dicas sobre refeições fora de casa

5- Dicas sobre confecção de refeições em casa

6-Dicas sobre transportes

7-Dicas sobre diversão e lazer

8-Dicas sobre grandes compras

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1-Pague-se a si próprio


• Assim que receber o seu salário retire imediatamente a parte que consegue poupar, para outra conta bancária à ordem, para um envelope ou aplique em pequenos depósitos a prazo a 30, 60, 90 dias (a maioria dos bancos já os tem no Homebanking).

• Tente fixar um mínimo mensal para o “Pague-se a Si Próprio”.

• Defina claramente dois, três ou mais objectivos de poupança, por exemplo: comprar um electrodoméstico, umas férias no estrangeiro, decorar a casa, poupar para amortizar o empréstimo à habitação, efectuar um depósito a prazo, um PPR (Plano Poupança Reforma), etc… Os seus objectivos é você que os define.

• Não caia na tentação de usar o dinheiro acumulado no “Pague-se a Si Próprio” para outros fins.

• Se aparecer uma emergência (uma avaria do carro, uma doença que implique uns dias de baixa médica, um electrodoméstico avariado, …) pense que um dos seus objectivos poderá chamar-se “Fundo para Emergências”. Mensalmente destine uma pequena quantia para essa rubrica de incógnitas. Se pensar e anotar todos os imprevistos que lhe aconteceram durante um ou dois anos, vai constatar que não são assim tão imprevistos como parecem. Muitos ocorrem mesmo, só que não sabemos exactamente quando. Se prevemos que os imprevistos mais cedo ou mais tarde vão acontecer, porque não começar a ter desde já o “Fundo para Emergências”?

Como medir os resultados?


É essencial conhecer o norte, o sul, o este e o oeste das suas despesas. É preciso olhá-las de cima, de baixo, de lado e na diagonal. Quero com isto dizer que para iniciar um bom plano de finanças pessoais e uma boa organização do seu orçamento e das poupanças só o conseguirá se tiver informação precisa e exacta. Só há uma forma de o conseguir: anotar as despesas e os ganhos.

Comece já no próximo mês no dia 1. Some todo o dinheiro que tem nas contas à ordem e o dinheiro que tem em casa (dentro de um envelope, na carteira), moedas incluídas. Some tudo ao cêntimo. Chame a isso as suas “Disponibilidades” no início do mês. Durante o mês ocorrem “Receitas”, por exemplo o salário ou alguma entrada extra de uma oferta (por exemplo) ou recebeu juros de um depósito a prazo. Por outro lado tem as “Despesas”. O saldo no final do mês irá ser o resultado de:


(Disponibilidades ao dia 1) + (Receitas do mês) – (Despesas do mês) = (Disponibilidades ao dia 31)


Anote todas as despesas. Para tal guarde os talões de supermercado e diariamente anote numa agenda não só essas despesas como todas as outras que vão ocorrendo e que possa não ter recibos. Faça-o depois numa folha de Excel, perca uns minutos todas as semanas para actualizar. O seu saldo na folha de Excel deverá coincidir com o seu saldo real (dinheiro no banco à ordem + notas e moedas em sua posse). Se não coincidir então esqueceu-se de anotar alguma receita ou algumas despesas. Tente ser o mais rigoroso possível.

Não se satisfaça em saber apenas o valor total das despesas, divida-as por rubricas, por exemplo:


 1 - Despesas com a habitação (inclui empréstimo à habitação, consumos energéticos, condomínio)
 2 - Alimentação (pode dividir em alimentação em casa e refeições fora)
 3 - Higiene (pode dividir em higiene pessoal e higiene da casa)
 4 - Transportes (pode dividir em combustível, oficina, seguros, passe social, …)
 5 - Comunicação (telemóveis, telefone fixo, Internet, despesas de correio)
 6 - Farmácia e despesas médicas
 7 - Vestuário e Calçado
 8 - Hobbys e actividades de lazer
 9 - Viagens
10 - Custos com terceiros (ofertas de aniversário, …)
11 - Outras despesas


Guarde o histórico ao longo dos meses, veja como evoluem as despesas, veja onde é possível cortar. Existem rubricas que cresceram anormalmente? Porquê? Existe uma justificação lógica. Faça comparativos mensais com o ano anterior e vá medindo a sua performance. Conseguirá ter uma visão muito real de como ocorrem as suas despesas e como crescem as suas poupanças. Este tipo de gestão mais simplificada ou mais pormenorizada, dependendo da sua vontade de detalhe, será a sua ferramenta base para medir os seus resultados.



2-Dicas sobre consumos energéticos

Electricidade:

• Substitua definitivamente as suas lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes economizadoras. Embora sejam mais caras duram oito vezes mais e consomem significativamente menos.

• Apague as luzes das divisões se ninguém estiver lá.

• Não mantenha televisores acesos só para fazer barulho de fundo.

• Aproveite ao máximo a luz natural e o calor do sol durante o Inverno, abra as suas janelas para ter o máximo de luz.

• No Verão ao final do dia abra portas e janelas para refrescar a casa e fazer alguma corrente de ar. Não se preocupe, as pneumonias apanham-se com vírus, não com ar em movimento! Não corra de imediato para o botão do ar condicionado.

• Desligue o ar condicionado e aquecimentos se for sair de casa ou se não estiver por algum tempo na divisão onde eles estão.

• Não deixe aparelhos ligados no stand-by dos comandos de TV, aparelhos de DVD, consolas de jogos, etc…

• Prefira electrodomésticos eficientes de classe A ou A+. Prefira frigoríficos no frost (sem gelo). Pense se não estará na altura de reformar o seu velhinho frigorífico? Sabia que este electrodoméstico consome cerca de 35% a 40% do consumo total de energia eléctrica de sua casa? Aparelhos no frost evitam que os alimentos fiquem queimados com o gelo e acabarão por ir para o lixo.

• Não abra o frigorífico constantemente. Organize e pense o que vai precisar e retire (ou coloque) tudo de uma só vez. Aberturas repetidas farão com que o motor trabalhe constantemente.

• Será que vale mesmo a pena ter o congelador e o frigorífico na potência máxima? Se tiver um electrodoméstico com mostrador digital de temperaturas, aumentar 3ºC. no congelador e 2ºC. no frigorífico pode-lhe poupar 5% da conta total do mês.

• Retire os alimentos do congelador atempadamente de forma a não precisar de usar microondas para os descongelar.

• Use pilhas recarregáveis para pequenos aparelhos com relógios de parede, rádios, ratos, máquinas fotográficas, etc… Ao fim de cinco ou seis utilizações recuperou o investimento num carregador e num conjunto de quatro ou seis pilhas (também existem de vários tamanhos nas recarregáveis).

• Não utilize programas de máquinas de lavar roupa com elevadas temperaturas. Será que um programa a 40º ou a 30º ou até mesmo a frio não fará o mesmo? Para roupa que não esteja extremamente suja não vale a pena cozinha-la dentro da máquina de lavar.

• Utilize a máquina de lavar roupa na carga máxima, poupa no número de máquinas que faz por mês. Anote quantas máquinas faz do dia 1 ao dia 31. Vai surpreender-se. No mês seguinte certamente que vai tentar rentabilizar e reduzir um pouco.

• Não estará a lavar demasiado a sua roupa? Uma vez ouvi uma colega dizer que colocava as calças de toda a família na máquina de lavar após um dia de utilização! À parte das crianças será que um adulto necessita de colocar a lavar umas calças ao fim de 24 horas? A resposta é seguramente não.

• Informe-se sobre as tarifas e contadores bi-horários, se lhe for efectivamente benéfico mude de tarifário com a companhia de electricidade. Programe as máquinas para as horas mais económicas.


Gás:

• Evite banhos de banheira, prefira duches.

• No Inverno com o frio ficamos mais tempo no duche, mais água e mais gás serão consumidos.

• Não se esqueça de esquentadores ligados.

• Se cozinhar com as tampas nas panelas, atinge-se mais rapidamente a fervura.

• Em fervura reduza a chama do fogão.

• Desligue o forno um pouco antes dos pratos estarem prontos, o calor do mesmo é suficiente para terminar de cozinhar os alimentos.


Água:

• Verifique se tem torneiras a pingar, será hora de reparar. Uma vez que isso me aconteceu deixei um garrafão a aparar, ao fim de 12 horas tinha quase 5 litros de água! Seriam aproximadamente 3500 litros perdidos por ano.

• Coloque um redutor de fluxo nas torneiras sobretudo na cozinha. Ao reduzir o caudal vai poupar centenas de litros.

• Se lavar a louça à mão, nunca o faça com água a correr. Encha o lava louça e mantenha a torneira fechada enquanto ensaboa. Se não gostar desta versão, coloque o detergente num recipiente com um pouco de água e vá molhando o esfregão a cada peça que vai lavando.

• Quando está a cozinhar não encha as panelas com demasiada água. Existem alimentos que não necessitam de ser afogados para cozinharem. Poupa água e gás/electricidade no fogão.

• Na casa de banho coloque dentro do autoclismo uma garrafa de 1,5 litros cheia de água. A cada descarga poupa 1,5 litros.

• Verifique se o autoclismo perde água. Coloque umas gotas de um corante e espere algum tempo. Se vir água corada na sanita é porque existe uma fuga. Repare o autoclismo.

• Feche a torneira enquanto escova os dentes, a ensaboar as mãos ou o corpo no duche.

• Evite banhos de imersão, com um duche gasta muito menos água.

• No Inverno o tempo frio é tentador para ficar mais tempo no banho (mesmo que seja duche), para obter o conforto do calor. Se mantiver esse prazer verá a conta de água e gás disparar.

• Enquanto espera que a água do banho aqueça, encha um balde ou um garrafão. Use essa água para regar plantas e para lavar chão ou outras limpezas. Se a casa de banho for longe da cozinha e se for Inverno pode recuperar até 10 litros até ter a temperatura aceitável para iniciar o duche.

• Quem tem jardins regue de manhã cedo ou ao final do dia para evitar que a água evapore rapidamente.


Como medir os resultados?


Uma forma muito eficaz de medir os resultados das suas acções de poupança energética e de obter informação histórica para efectuar previsões, é o simples anotar as contagens dos contadores de água, gás e electricidade. Passe a fazê-lo rigorosamente no último dia do mês sempre à mesma hora. Programe por exemplo no seu telemóvel um alerta para as 21 horas de todos os dias 30 (ou 31). Anote os Kwh e os metros cúbicos dos contadores da electricidade, gás e água.


No mês seguinte repita o procedimento e faça a diferença da contagem do mês actual com o mês anterior. Obterá assim o consumo exacto do mês. Ao fim de um ano terá o histórico perfeito dos seus consumos. No ano seguinte obviamente irá comparar os consumos de cada mês com o mesmo mês do ano anterior e irá comparar o consumo acumulado até ao mês X deste ano com o acumulado ao mês X do ano anterior.

Esta informação é preciosa porque visualizará mensalmente se as suas acções de poupança resultam em reduções de consumos. Ao invés, se aumentarem então há que procurar a causa. Pode num determinado mês ter consumos superiores mas se no acumulado do ano estiver abaixo do ano anterior então está no bom caminho.

Com esta acção aproveite e dê as contagens às companhias, assim as facturas que aparecerão serão de consumos reais e não estimados. A factura real a pagar será muito próxima dos seus reais consumos. Só o facto de ser conhecedor dos seus consumos energéticos vai fazer com que esteja atento ao tema e vai estimulá-lo a tentar poupar.

Se ainda não tiver histórico tente com as facturas do ano de 2009 reconstituir os valores dos consumos mensais de cada rubrica (água, gás e electricidade) e assim já terá um mínimo de comparativo. Não se esqueça, meça em unidades de consumo (kilowatts hora ou metros cúbicos), se medir os valores das facturas pode não ter um bom comparativo já que as tarifas alteram.

Se não tiver gás canalizado e usar gás de botija, o modo de proceder é simples. Anote o dia em que mudou a botija e veja quantos dias durou até substituir pela próxima. Tente que cada botija dure mais dias. Se dividir o custo da botija em euros pelos dias que durou e depois multiplicar por 30 obterá o custo médio mensal da sua casa em gás.


3-Dicas sobre a organização das compras

• Antes de ir ao supermercado prepare uma lista de compras, evitará compras de artigos não programados.

• Não vá para o supermercado com fome. Acabará por comprar por impulso artigos pouco saudáveis nomeadamente doces ou outros bastante calóricos.

• Programe as idas ao supermercado. Não vá todos os dias, além de perder muito mais tempo e gasolina em deslocações trará sempre mais qualquer coisa, muitas vezes não necessária. Programe uma ou duas vezes por mês as compras de mercearia e semanalmente adquira a fruta, carne e peixe e outros frescos.

• Cinja-se a dois ou três supermercados não muito distantes de sua casa. Não se restrinja apenas a super/hipermercados, pode incluir também uma frutaria, peixaria e talho.

• Na falta de tempo existem compras online nos hipermercados que podem compensar pelo tempo poupado e alguns até oferecem o serviço de transporte.

• Perca algum tempo ou anote mesmo na lista de compras os preços dos artigos, compare entre supermercados e tente sempre obter a compra mais económica. Existem categorias de artigos que são mais baratos nuns supermercados que noutros.

• Esteja atento a promoções e descontos. Aproveite e se compensar compre para stock. Por exemplo detergentes, shampoos, pastas de dentes, papel higiénico, espumas de barbear e desodorizantes se comprados com 50% de desconto pode fazer stock para um ou dois anos sem que os artigos percam qualidade. É um investimento mas com um custo por metade. Pense que durante um ou dois anos não vai gastar dinheiro nesses artigos.

• Opte por marcas brancas, cujo preço é mais económico. Não seja céptico, não as rejeite à partida sem sequer ter experimentado. Existem agradáveis surpresas nestes produtos. Prove e se não gostar não compre. Os produtos de marca branca são produzidos pelas mesmas fábricas dos artigos de marca, pois só elas têm capacidade de fornecer enormes quantidades e com o poder negocial exigido pelas cadeias de hipermercados. Existem produtos em que literalmente só muda a embalagem exterior.

• Compre as frutas e legumes da estação, são mais nutritivos e mais económicos.

• Não compre frutas e legumes em demasia, deterioram-se mais rápido e o pior que pode fazer é colocá-los no lixo sem sequer os ter provado.

• Esteja atento a algumas promoções do tipo “Inclui +50% de produto” ou o “melhor preço é o da embalagem familiar”. Será que precisa mesmo de mais daquele produto? Não estará a comprar por impulso? As embalagens familiares aparentam ser as mais económicas, na maioria das vezes são perfeitas armadilhas. Veja sempre o preço por quilo ou por litro. Quantas vezes já vi mais barato duas embalagens de 500 gr. em vez de levar a de 1 kg.

• Aproveite os cupões e cartões de desconto de alguns hipermercados.

• Tenha sempre pão congelado disponível para o pequeno-almoço em casa.

• Antes de sair do supermercado verifique o recibo da compra, certifique-se que não cobraram artigos por valor superior ao da etiqueta na prateleira. Se tal acontecer reclame ou devolva o produto. Não pense desta forma “Ah! É só um euro,… não vou perder tempo a ir à caixa”.

• Nos produtos de limpeza e higiene experimente também as marcas brancas. Tire conclusões só depois de ter testado.

• Nas compras não essenciais pondere antes de comprar. Questione-se se precisa mesmo daquele artigo? Pergunte-se porque vai comprá-lo?

• Não caia na tentação de comprar tudo e mais alguma coisa a prestações. Evite ao máximo os créditos fáceis. Os juros a pagar são altíssimos e fica aprisionado a prestações durante meses ou anos. Junte dinheiro e compre depois.

• Evite ao máximo as compras com cartão de crédito sobretudo compras corriqueiras e alimentação. Reserve o cartão de crédito para uma necessidade justificada ou para pagamentos no estrangeiro.

• Pagamentos com notas e moedas dão-nos uma melhor percepção do dinheiro a desaparecer.

• Os escudos já nos deixaram há 10 anos, no entanto para ter uma boa percepção do exagero de alguns preços faça a conversão mental de euros para escudos e verá como muda de opinião quanto ao conceito de caro/barato.

• Se tiver familiares que tenham produtos frescos como frutas, hortícolas, azeite, vinho, etc… aproveite ao máximo para encher a sua dispensa. Qual é a mãe ou a avó que não dão ao seu filho ou neto com o maior carinho um fornecimento valioso destes produtos?

Como medir os resultados?


Se anotar sempre as suas despesas e mantiver uma pequena contabilidade pessoal, terá uma boa forma de medida. Ao implementar mudanças verá como estas se repercutem nas suas despesas mensais. Se tiver histórico de gastos de meses anteriores conseguirá perceber melhor os resultados.

Para os grupos de dicas seguintes aplica-se a mesma fórmula de medir resultados. Só com pequenos registos conseguirá perceber as variações dos gastos no antes e no depois.


4-Dicas sobre refeições fora de casa

• Almoce no trabalho. Esta dica é das que mais poupança lhe trará. Reduza ou anule mesmo as idas ao restaurante durante a semana laboral. Prepare refeições leves e simples que possa levar em caixas tipo tupperware. Leve também saladas e fruta. Faça refeições completas como se estivesse em sua casa. A melhor técnica é cozinhar um pouco mais ao jantar do dia anterior e levar no dia seguinte para o trabalho.

• Para almoçar no escritório, se ninguém o faz actualmente no seu local de trabalho, deixe-se de preconceitos e “vergonha” de mostrar a sua comida. Junte-se com colegas e faça um grupo para iniciar o “Almoçar no Escritório”.

• Peça ao seu empregador para comprar um microondas, uma chaleira eléctrica, alguns pratos, copos e talheres. Negocie e faça ver ao patrão que todos irão beneficiar, você poupa no seu orçamento e ao evitar saídas estará a horas no seu posto de trabalho ou até antes da hora, isso vai reflectir-se na sua produtividade.

• Se não conseguir o microondas gratuito junte-se com os seus colegas e comprem entre todos. Obtenha o acordo do seu empregador para obter um espaço para as refeições. Hoje em dia muitas empresas já tem pequenas copas ou áreas onde têm pequenos frigoríficos, máquinas de café, …

• Tome o pequeno almoço em casa. Se não conseguir leve para o trabalho pacotes de leite, cereais, iogurtes, sanduíches, etc… Uns simples 2 a 3 euros diários no pequeno-almoço no café do bairro consomem-lhe até 90 euros por mês. E depois compra-se sempre a caixinha de pastilhas elásticas, as bolas com brinquedos para as crianças, o tabaco,… ou seja , pode poupar mais que esse valor.

• Evite máquinas de venda automática de bolos, sandes, snacks e cafés. Leve os seus lanches de casa.

• Diminua as idas ao restaurante e aproveite efectivamente as vezes que vai para usufruir de momentos de lazer na companhia de amigos ou familiares.


5-Dicas sobre confecção de refeições em casa

• Aproveite as sobras de refeições para uma nova refeição ou reciclando-as para novos e interessantes pratos como quiches, empadão, omeletas, … existem 1001 receitas super criativas, consulte a net. Sobras de queijo podem ser raladas, sobras de cereais podem ser usadas em sobremesas.

• Não cozinhe me demasia, se lhe sobrar comida constantemente é um indício de que não está a ser eficiente.

• Cozinhe de modo a conseguir ter duas refeições, poupa tempo, gás, electricidade e água. Se não quiser comer o mesmo prato à refeição seguinte intercale com outra refeição.

• Existem pratos que podem ser cozinhados em quantidade e congelados para posterior utilização.

• Aproveite a água da cozedura de legumes, peixe ou carne para ter caldos ou bases de sopa.

• Reduza a quantidade de carne e peixe e compense com vegetais, além de mais nutritivo na maioria das vezes ingerimos excessos de proteínas, de calorias e de gorduras. Por exemplo pratos à base de peixe ou carne desfiados rendem bastante (bacalhau à Brás, empadão, saladas de frango desfiado, etc…).

• Faça sopa em grande quantidade e pode congelar porções individuais. Poupa tempo, energia, água e menos lavagens de louça.

• Mesmo em casa prefira pão com queijo ou fiambre em vez de produtos de pastelaria e snacks processados. É mais barato e mais saudável.

• Faça um planeamento antecipado das refeições que vai confeccionar durante a semana.


6-Dicas sobre transportes

• Se puder privilegie o transporte público.

• Para pequenos percursos perto de casa para quê ligar o carro para andar 200 metros? Caminhe, o exercício físico é fundamental em todas as idades.

• Tente abastecer gasolina em postos com promoções, desde que não fique longe da sua área de residência/trabalho.

• Nas suas viagens ao estrangeiro programe e investigue com muitos meses de antecedência. Busque o melhor voo e o melhor preço de hotel na categoria que pretende. Quanto mais cedo comprar uma passagem aérea mais barato lhe ficará. As companhias aéreas tradicionais e as low cost também fazem promoções. Esteja atento e compre no momento certo.


7-Dicas sobre diversão, lazer e outros gastos supérfluos

• Resista à tentação de comprar várias revistas semanais ou jornais diários. As grandes notícias são as mesmas nos vários média. Assista aos Telejornais das várias televisões e de um modo geral estará bem informado.

• Não abuse na compra de roupas, pode ser uma tentação altamente penalizadora para o seu orçamento, pode mesmo arruinar-lhe os ganhos de um ou vários meses. Será que usar uma camisola da marca mais conhecida a(o) fará mais feliz? Quase sempre a etiqueta da marca está no interior da peça, quem passa por si pode não identificar que veste a marca X ou Y. Existem marcas menos conhecidas com design de peças igualmente interessante e a preços muito mais acessíveis.

• As roupas e sapatos para crianças deixam de servir muito rapidamente, se tiver muitas vai constatar que no final da estação algumas peças acabaram por deixar de servir e foram pouco usadas.

• Não sucumba ao forte marketing das televisões por cabo. Pondere ou mude o seu pacote de serviços. Será que consegue ver todas aquelas dezenas de canais?

• Os passeios de fim-de-semana ao centro comercial terminam inevitavelmente numa compra muitas vezes evitável e não essencial. A lista de artigos que se desejam não tem fim, outra coisa é a lista dos artigos essenciais. Experimente os passeios ao ar livre e as caminhadas, descubra os recantos da sua cidade ou faça passeios às localidades vizinhas. Em vez de se fechar tardes e noites inteiras em shoppings pense nas imensas possibilidades de lazer para os seus fins-de-semana.

• Não compre por impulso. Necessita mesmo de ter 10 perfumes diferentes?

• Domine o seu telemóvel, não deixe que ele o domine a si. Resista à tentação de efectuar chamadas para dizer um simples “onde estás?”, “demoras muito?”, “entrei agora no autocarro”, “dentro de 5 minutos estou ai”. Lembre-se que no tempo em que os telemóveis apareceram (não foi assim à tantos anos) vivíamos bem sem eles. Use-o para as situações realmente necessárias.



8-Dicas sobre grandes compras

• Na sua família existe mesmo a necessidade de ter dois ou mais carros? Se um deles estiver praticamente parado para quê alimentar o lucro de seguradoras e todos os impostos inerentes a uma viatura?

• As compras de determinados bens ocultam determinados custos. Pense bem antes de tomar a decisão da compra. Por exemplo um carro novo não é apenas o valor do carro, não se esqueça da gasolina, das portagens, dos seguros, das revisões, das inspecções, avarias e multas. Custos esses que se vão manter anos atrás de anos. Até no final da vida do carro poderá ter que suportar o custo de abate.

• Assim como na compra de uma casa analise ao pormenor os custos de condomínio. E a distância para o seu local de trabalho que custos implicará? Gasolina? Um passe social? Por vezes uma casa um pouco mais cara é preferível se conseguir uma boa compensação em relação ao tempo/custo das deslocações.

• Opte por electrodomésticos eficientes e amigos do ambiente. Um electrodoméstico mais caro no momento da compra pode-lhe poupar a longo prazo muita energia e ter uma vida útil maior.


E estão assim expostas as dicas para que possa controlar melhor as suas finanças pessoais. Dispor-se a começar só depende de si. Entenda isto como um desafio pessoal, não como um fardo. Verá que conseguir resultados dos nossos objectivos é compensador.

Enviaram dicas para este desafio os seguintes blogues / participantes:

Blogue e autor:



Cozinha Sem Tabus  -  Miguel

De Cozinha em Cozinha Passando Pela Minha - Carla

Delícias e Companhia - Manuela
 
Eu Mulher - Ana Kaddja 
 
Meu Report Culinário - Raquel

Sabores Com Cor - Tartaruguinha97

Vai Uma Fatia? - Catarina

(sem blogue) - Cláudia

(sem blogue) - Cristina

(sem blogue) - Margarida Alves

(sem blogue) - Sara Soares


Deixem os vossos comentários e opiniões, se se lembrarem de mais dicas deixem em comentários. Divulguem este post. Obrigado a todos.

9 comentários:

  1. Miguel, obrigada pelo bom artigo! queria participar mas a data passou-me... No fundo, as dicas que queria dar, estao incluidas na tua lista compreensiva de dicas de poupanca. Eu so realcearia que, ao estarmos a poupar, estamos a ser amigos do ambiente e isso deve ser uma maior motivacao para pensar nos gastos que fazemos!
    sofia

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  2. Uma boa maneira de mostrar a diferença entre viajar agora e pagar depois e juntar dinheiro e viajar depois é o preço da viagem.
    hip 1 viajar agora e pagar depois: custo da viagem 375€+juros(20% no mínimo)= 450
    hip 2 juntar dinheiro e viajar depois: custo da viagem 375€ e se der tempo para aplicar o dinheiro até pode ser menos...

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  3. Tantas dicas e todas ela óptimas! Obrigada por mencionares o meu blog e referires-te a mim como "uma jovem activa que vive apenas da mesada dos pais" enviei 7 dicas e encontrei as todas! Beijinhos!

    PS: Eu não recebo mesada!

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  4. Só agora li o teu artigo. Está muito bem estruturado! Um excelente guia para quem se quiser "aventurar" a poupar:)

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  5. Muitos parabéns pelo blog e por este post que está muito bem conseguido...e vem mesmo a calhar nesta época que todos atravessamos!!!

    ;)

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  6. Pois bem Miguel,

    cá vim verificar o teu post sobre dicas contra a crise e achei-o hiper informativo. 5 estrelas!!

    Embora a crise seja terrivel para todos nós, o que é facto é que há males que vêm por bem. A ecologia vai sair a ganhar com toda esta poupança e consciência.

    Ficamos à espera da tua participação no Projecto Reciclar na Cozinha.
    Abraços.
    Rute

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  7. Bom e agora a nível pessoal, venho convidar-te a fazeres parte da Teia Ambiental. É outro projecto mais demorado, acontece 1 vez por mês, a cada dia 7.

    O Desafio Culinária Reciclada surgiu deste post aqui com o qual participei na Teia de Outubro:

    http://publicarparapartilhar.blogspot.com/2010/10/sustento-habilidade-na-teia-ambiental.html

    Os mentores da Teia são o Gilberto e a Flora. É neste blog que podes seguir os temas a debate:

    http://brasilan.blogspot.com/

    Pronto. O convite fica feito.
    Abraço,
    Rute

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  8. Só agora consegui vir cá ver o resultado do passatempo.
    Bem, se conseguíssemos seguir estas dicas todas certamente ficaríamos mais ricos.
    Obrigada pela partilha, vou tentar ser mais poupadinha :)

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  9. Acredito que estas dicas são uma excelente ajuda para todos os que as lerem. Parabéns, muito bem estruturado.

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